Solidão, Violência e "Angústia" no mundo moderno | Autores: Helton Marques (UNESP - Universidade Estadual Paulista) |
Resumo: Publicado em 1936, o romance Angústia, de Graciliano Ramos, apresenta um narrador autodiegético, Luís da Silva, o qual, após assassinar seu principal oponente, Julião Tavares, e passar por um período de profundo abatimento causado por um abalo nervoso, narra sua própria história por meio de um discurso memorialista que mistura imaginação e alucinação com episódios de sua infância, juventude e vida adulta. Em meio a suas lembranças, surgem imagens de uma Maceió corrompida pelo vício, um locus horrendus, com vagabundos nas praças e canais, prostitutas na Rua da Lama, comerciantes e capitalistas (“uns ratos”) na Rua do Comércio, enfim, todos os tipos de sujeitos que habitam o espaço urbano moderno. Em vários momentos do romance, o protagonista transita, solitário, pelos espaços dessa cidade caótica, e observa, nas diversas vitrines do centro urbano, os autores se exibirem através de seus livros, como as prostitutas da Rua da Lama, oferecendo-se e vendendo-se aos olhos do protagonista aspirante a grande escritor. Walter Benjamin, em sua obra sobre A Modernidade e os Modernos, utiliza a imagem da prostituta para personificar o escritor moderno, que tem sua arte literária consubstanciada em um produto do mercado moldado pelos princípios da chamada “indústria cultural”. Além disso, Benjamin afirma que o romance moderno representa o indivíduo na sua solidão, desorientado em meio à multidão disforme de sujeitos anônimos e paradoxalmente solitários. Tendo isso em vista, o principal objetivo da comunicação é apresentar uma análise interpretativa do romance Angústia, com base principalmente nas ideias de Walter Benjamin, a fim de proporcionar uma reflexão sobre a relação entre o sujeito e o espaço urbano moderno, a partir da experiência de solidão e violência vivenciada pelo protagonista Luís da Silva desde sua infância até a vida adulta.
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