Ao olharmos para as histórias insólitas é possível reconhecer os mecanismos que tornam esses textos menos programados e mais suscetíveis aos ajustamentos dentro das ações de leitura. Assim, nossa hipótese é que o insólito trazido pelo conteúdo dos textos é reinventado estéticamente e ganham um reforço de sentido da expressão textual, alterando os paradigmas regulados do ato de leitura. Desse modo, neste trabalho, situados nos estudos da sociossemiótica de Landowski (2015), pretendemos evidenciar o funcionamento do conteúdo insólito junto da experimentação da expressão do texto, destacando a atuação desse novo arranjo na experiência sensível da leitura. Para tanto, inicialmente, selecionamos dois quadrinhos, Quando meu pai se encontrou com ET fazia um dia quente (2011), de Lourenço Mutarelli, e Campo em Branco (2013), de DW Ribatski e Emilio Fraia. Esses dois textos narram histórias fantásticas e experimentam a práxis enunciativa dos quadrinhos, trazendo um desafio para o ajustamento entre o leitor e o reformulado ritmo dos quadrinhos. Em seguida, diante dessas reflexões da leitura dos quadrinhos insólitos, traçaremos alguns paralelos entre as evidências trazidas por essa leitura socissemiótica e o que vem sendo feito com o texto quadrinístico no espaço escolar, apontando algumas proximidades e distâncias que ainda desafiam a transposição dos quadrinhos para os espaços da sala de aula.