LITERATURA DE RESISTÊNCIA AMAZÔNICA: SORORIDADE NA CRÔNICA “COMPANHEIRAS”, DE ENEIDA DE MORAES | Autores: Agnnes Caroline Alves de Souza Valente (UNAMA - Universidade da Amazônia) ; Rosângela Araújo Darwich (UNAMA - Universidade da Amazônia) |
Resumo: Eneida de Moraes, escritora paraense, filiada ao Partido Comunista, durante sua vida exerceu militância política e foi presa diversas vezes, tendo publicado “Companheiras” em 1957, com base em suas vivências no cárcere.Tal crônica tem sido analisada enquanto texto literário e registro da perseguição política no Estado Novo. Neste estudo, objetiva-se investigar a vivência de sororidade na crônica “Companheiras”. Sororidade é um conceito que surge do movimento feminista e pode ser definido como uma aliança entre mulheres, representando a criação de vínculos que estimulam ações de não rivalidade, contrárias à lógica patriarcal.Onde há sororidade, há irmandade entre mulheres, movimento de apoio mútuo.Análise textual da crônica foi realizada por meio da identificação de fragmentos que evidenciam a ocorrência de apoio incondicional e, portanto, de sororidade entre as vinte e cinco mulheres descritas. Destacam-se relatos de diferenças entre as mulheres encarceradas, indo de tipos físicos a ocupações, ao jeito de ser de cada uma, em uma perspectiva mais ampla em que eram todas iguais, cada qual carregando sua dor. Mais do que isso, sororidade é traduzida na frase “problemas de uma, problemas de todas”. Mesmo com todas as diferenças, problemas, perturbações causadas pelo cárcere, as mulheres reunidas se preocupavam umas com as outras, compartilhavam histórias e inquietações. Há um exercício implícito no título do texto, que remete a companheirismo. Nesse companheirismo não cabe julgamento, mas somente acolhida. Eneida de Moraes foi mulher e militante política, mas também um exemplo para o movimento feminista, pois em uma época em que a voz da mulher era abafada, em que não havia direitos garantidos, em um contexto de golpe de Estado, fez sua voz e sua postura política ficarem marcadas na história brasileira.
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