O intuito de se engajar nesse simpósio Esquecimento e Silêncio: dimensões discursivas é por entender o silêncio e os apagamentos como espaço ocupado por sentidos, é o espaço que impulsiona os deslizamentos. O presente trabalho pretende, compreender o silêncio e como se articulam as formações ideológicas, discursiva e imaginária na fala do Presidente Militar Emílio Garrastazu Médici, objetivando demonstrar como se produz o sentido de espaço vazio em relação à Amazônia Brasileira. A análise foi desenvolvida a partir das concepções da Análise de Discurso materialista dialética, nos preceitos teóricos de Michel Pêcheux e Eni Puccinelli Orlandi. Para tanto, tem-se como corpus de análise um pronunciamento, intitulado Sob o Signo da Fé, proferido em Reunião Extraordinária da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, em Manaus/AM, 1970 e dos dados coletados pelo recenseamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística no mesmo ano, no Estado do Amazonas. As informações coletadas questionam a colonização da Região Amazônica nos anos seguintes ao golpe civil e militar de 1964, período em que o Estado assumiu uma posição de principal garantidor da expansão das fronteiras produtivas sobre as vastas áreas de floresta. Conclui-se que se impôs o discurso da Amazônia como uma região inabitada, desconhecida e que não contribuía para o aquecimento da economia do país. E assim, ao silenciar a presença dos que ali residiam, apagava-se a história e também a atividade econômica local. A iniciativa deste recorte de pesquisa se formulou no âmbito da Universidade do Estado de Mato Grosso, no grupo de pesquisa: Educação e Estudos da Linguagem no Projeto de Pesquisa Leituras Urbanas e suas materialidades discursivas socioambientais no Norte do Mato Grosso, Câmpus de Sinop.