O fenômeno sobre o qual este trabalho pretende debruçar-se são os sintagmas nominais que apresentem ordem não canônica de suas partes constituintes, denominados “descontínuos” por Keizer (2007), assim como do SN em si deslocado de sua posição mais canônica em uma oração como um todo. A análise e a descrição desses dois fenômenos interligados têm por objetivo examinar, com base no arcabouço teórico da Gramática Discursivo-Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), que fatores pragmáticos, semânticos e formais motivam o falante a selecionar codificações morfossintáticas específicas para representar a descontinuidade em SNs e orações. De acordo com a perspectiva teórica adotada, o método mais adequado de explicar a complexidade dessas variações é assumir que princípios em interação e, possivelmente, em competição é que determinam a ordem dos constituintes no SN e também da oração. Desse modo, a hipótese que se pretende confirmar ou rejeitar é se a decisão do falante em colocar para fora do SN ou da oração material estruturalmente a ele pertencente é determinada por princípios independentes e se é possível que, quando dois ou mais princípios definem ordens conflitantes, o falante execute uma espécie de ato de equilíbrio compensatório com base no estatuto pragmático e da complexidade formal dos constituintes. A constituição da amostra de dados para análise consiste em registros de língua falada extraídos do Corpus Iboruna, que representa a variedade falada de São José do Rio Preto.