A concordância verbal é um fenômeno linguístico que ocorre em um contexto sociocultural, não podendo ser analisada apenas em termos de suas relações internas na gramática, mas deve ser vista como parte de um contexto sociocultural mais amplo (MONTE, 2007).  Entendemos que a concordância verbal é marcada pela subjetividade na linguagem, porque o indivíduo, na interação locutor/alocutor, deixa sua marca pessoal, que é definida pelo contexto do ato comunicativo, exposta nas palavras ou expressões linguísticas e no modo como utiliza o tempo na concordância verbal. A marca cultural do sujeito, o espaço, o tempo e a pessoa definirão as palavras que o falante utilizará. O objetivo deste trabalho é discutir a relação do tempo na concordância verbal escrita, a partir da teoria enunciativa de Benveniste (2005; 2006) que diz que o tempo é uma categoria subordinada à categoria de pessoa e que a subjetividade na linguagem é marcada por interpretações e expressões pessoais. Utilizamos como instrumento a análise das produções escritas do gênero textual dissertação escolar, de quatro estudantes da Educação de Jovens e Adultos - EJA, do nível IV, de uma escola da rede pública do município de Olinda, do Estado de Pernambuco. Concluímos que o modo como o tempo é empregado na concordância verbal e os seus desvios são efeitos do funcionamento linguístico, ou seja, são marcas da subjetividade e da singularidade durante o percurso do estudante na aquisição da linguagem escrita e as várias transgressões aos padrões gramaticais e ortográficos da língua, cometidos pelos estudantes que as escreveram, podem ser concebidas como resultado do movimento singular do sujeito.