Autores que seguem um paradigma tradicional em suas descrições gramaticais acerca da articulação de orações costumam tratar as construções comparativas, a partir do enquadramento dicotômico da NGB, como casos de subordinação adverbial. No quadro dos estudos funcionalistas da esteira de Halliday (1985), os processos de articulação de orações costumam ser tratados numa perspectiva escalar, em que as diversas relações vão da complementação (encaixamento) às relações táticas de parataxe e hipotaxe. Nesse quadro, a tendência mais geral é a consideração das construções comparativas no eixo da hipotaxe, em que elas são compreendidas como um dos variados subtipos das chamadas orações de natureza adverbial (Neves, 2000; Lima, 2002; Neves e Hattnher, 2016). Há autores, entretanto, que a enquadram no escopo da correlação (Módolo, 2008; Castilho, 2010; Bagno, 2011), mecanismo que é percebido por alguns linguistas como distinto da hipotaxe. Seguindo uma orientação diferente, Mira Mateus et al. (2003) optam por alocar as construções comparativas dentre aquelas que expressam grau, separando-as do quadro geral das orações tradicionalmente classificadas como “adverbiais”. No que se refere aos aspectos mais frequentemente destacados nos estudos acerca das construções comparativas – nas quais dois elementos são postos em interdependência, para que possam ser cotejados –, em geral eles enfatizam os aspectos estruturais (por exemplo, quando se investiga a natureza categorial dos termos comparados) e/ou certos aspectos semântico-pragmáticos (por exemplo, quando os autores se valem da noção de foco para explicar a natureza comparativa das construções). Entretanto, são menos frequentes os estudos que focalizam as construções comparativas em seu funcionamento textual-discursivo. Assim, com base em diversos estudos funcionalistas, este trabalho pretende apresentar resultados parciais de pesquisa acerca das construções comparativas. Para alcançar os objetivos pretendidos, essas construções são analisadas em textos de gêneros variados, tanto orais quanto escritos.