Juraci Dórea e Miguel Torga: possibilidades telúricas | Autores: Clarissa Moreira de Macedo (UFBA - Universidade Federal da Bahia) |
Resumo:
“O espaço é uma textura” (WESTPHAL, 2013, p. 186), possui uma dimensão intertextual, num movimento que vai do espaço ao texto e do texto ao espaço. Todo espaço é legível e a partir dele são feitas representações. A terra, aqui tomada como correspondente simbólico-topográfica do termo espaço, ou, precisamente, a imagem telúrica, configura matéria relevante à literatura, tanto no âmbito da produção de escritos quanto da pesquisa, pelo caráter diverso de possibilidades político-estético-literárias que apresenta. De maneira concisa, é possível afirmar que o telúrico configura uma imagem estabelecida no literário, mas que por outro lado desponta um caráter passível de novidade, de releitura. Na obra de Juraci Dórea e na de Miguel Torga, a imagética terral é um tópico frequente. Nesse contexto, apresento de modo sintético alguns poemas, trechos doreanos e torguianos e ideias em que, por intermédio de imagens telúricas, ocorre a conformação de uma paisagem poético-política, que pode operar por meio de um terceiro espaço (ROSA, 2016), do rizoma (DELEUZE; GUATTARI, 1995), de um reencantamento do mundo (MAFFESOLI, 2002), dentre outras noções. Assim decorro porque elaboro uma leitura da obra poética de Dórea e de Torga no tocante à terra a partir de um viés relacional, que averigua diálogos entre os dois, sem a pretensão de estabelecer uma relação hierarquizadora – já que estamos tratando de um canônico português (Torga) e de um baiano (Dórea) reconhecido como artista visual, mas ainda pouco conhecido como poeta, embora apresente significativa produção.
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