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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Escrita feminina, um objeto não identificado

Autores:
Tyara Veriato Chaves (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas )

Resumo:

Propomos um olhar sobre a crítica brasileira na contemporaneidade, particularmente nas falas que tocam em uma diferença: “a escrita feminina”, “a marca feminina”, “a literatura de mulheres”, enfim, designações que engendram um saber sobre a língua, sobre a escrita, sobre o feminino e sobre as mulheres ao mesmo tempo. Tendo em vista a articulação entre o linguístico e o literário, e acrescentamos, a partir de Pêcheux (1983), entre esses dois campos e o político, nos engajamos em “[...] levar a sério a noção de materialidade discursiva enquanto nível de existência sócio-histórica, que não é nem a língua, nem a literatura, nem mesmo as mentalidades de uma época, mas que remete às condições verbais de existência dos objetos (científicos, estéticos, ideológicos) em uma conjuntura histórica dada” (Pêcheux, 1984, p. 152). Neste sentido, à medida em que saímos da evidência transparente do que é ser mulher, colocam-se cada vez mais dificuldades para circunscrever o campo do feminino na sua relação com a escrita, com o desejo e com a história. Isso poderia nos levar para um labirinto teórico, de escrita sobre a escrita sobre a escrita, de camadas sobre camadas, em que o feminino e a mulher ora remetem a uma ruína perdida nos porões da história, ora a uma nova figura que se ergue na contemporaneidade, ora a um real que insiste em escapar das mãos. Nessa visada, tomo a posição de pensar o feminino com objeto paradoxal, como nos propõe Pêcheux (1984, p. 157-158): “[...] esses objetos teriam a propriedade de ser ao mesmo tempo idênticos a eles mesmos e diferentes deles mesmos, isto é, de existir como uma unidade dividida”, logo, “[...] a produção discursiva desses objetos ‘circularia’ entre diferentes regiões discursivas, das quais nenhuma pode ser considerada originária”.


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