O sim e o não resolvidos nos mecanismos discursivo-retóricos: a polaridade em questão. | Autores: Maria Helena de Moura Neves (UPM - UNIVERSIDADE METODISTA MACKENZIE, UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA) |
Resumo: Com aparato geral funcionalista e aportes da teoria cognitivista da linguagem, o estudo objetiva estudar a complexidade que envolve o mecanismo de polarização dos enunciados. Pondo sob análise esse processo que, a princípio, seria o mais definido entre todos, por resolver-se em uma oposição polar, a pesquisa propõe apreciar, entretanto, as múltiplas relativizações e permeações que se efetivam na sua ativação. Visa-se a estabelecer um quadro de funcionamento do processo de negativização em português que mapeie os usos das expressões definidas como polares, mas que também problematize os sentidos e os efeitos das escolhas do falante dentro da zona situada entre o sim e o não. A atenção se dirige para relações e intersecções múltiplas, que tanto podem chegar a reforço de expressão quanto a anulação de efeitos esperados e/ou supostos. Os resultados gerais mostram que negar, em linguagem de palavras, é mais do que usar elementos segmentais considerados de valor negativo, pois, nos arranjos construcionais, esses elementos podem chegar a constituir reforço de afirmação, sempre a serviço dos movimentos discursivo-retóricos dentro dos quais a natureza formalmente positiva ou negativa das frases se acomoda, para as relativizações que o uso funcional exige. Os resultados específicos mostram os mecanismos que atuam no espaço entre o sim e o não, resolvendo-se (entre outros de suporte pragmático e retórico) nos processos escalares de gradação (comparação e superlativização) e de modalização, assim como no entrecruzamento entre os extremos polares e esses processos que se manifestam no intervalo entre os polos.
Agência de fomento: CNPq |
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