A proposta consiste num debate acerca das novas problemáticas nas configurações identitárias do fazer artístico, seu caráter fragmentário, experienciado na cena contemporânea. Enfoca simultaneamente: a contística de novos autores emergentes nos cenários urbanos brasileiros e a pintura moderna no interior cearense, casos em que a expressão “fora do eixo” se alarga de sobremodo. Mais especificamente propomos discutir: A) implicações que a “literatura marginal” traz para doxa vigente no campo da produção, recepção e vinculação no cenário editorial do Brasil de agora. Para tanto, o ponto de debate é a literatura do escritor pernambucano Marcelino Freire, dita marginal, particularmente o livro Contos Negreiros (2006); B) Na outra ponta deste debate, propomos refletir sobre a tecitura identitária na pintura de artistas não catalogados. Nesse caso, o exemplo é a pintura de Massaki (Luís) Karimai (1947–2010), artista plástico de inspiração surrealista que a partir da década de 70, instalando-se em Juazeiro do Norte, Sul do estado do Ceará, desenvolveu uma singular fase da pintura cearense, projetando elementos vinculados à profunda atmosfera mística/sincrética emanada dessa cidade, região do Cariri e de todo o nordeste brasileiro. Oralização, imaginário e identidades: esta é a matéria em discussão.

Em ambos os casos, defendemos hipótese da necessidade de estender a compreensão da arte para além do “eixo”, no mais amplo sentido que o termo assume. Para tanto, essa pesquisa, (em construção), busca suporte teórico nas  seguintes contribuições: I) sobre a Literatura como reconstrução do conceito de voz: Zumthor e Ong; Maingueneau, e a forma própria do discurso literário. Sobre marginalidade, exclusão, e multidão Perlman, Virno, Hardt e Negri, Bhabha, Spivak. II) Sobre as Artes plásticas e suas fraturas, ajudam: Arthur Danto, Greenberg, Santaella, Lótman, Deleuze e Félix Guattari, dentre outros que problematizem o conceito de arte contemporânea e os atuais dispositivos de produção, crítica, recepção e circulação.