Partindo da noção de linguagem que se forma na relação do homem com o meio social, tornam-se passíveis de crítica as práticas de ensino de língua tradicionais – que partem de atividades metalinguísticas (descrição e estudo de regras) em detrimento das epilinguísticas e linguísticas. Uma alternativa seria envolver o indivíduo nos processos de produção e significação através dos multiletramentos (ROJO, 2012).

O objetivo do projeto foi produzir um material bilíngue (Libras/português) sobre fotografia, em vídeo, com a colaboração de um grupo de alunos surdos do Ensino Médio. Com isso, pretendeu-se que o participante, envolvido na construção deste produto, colocasse em prática o que foi aprendido em oficinas. Visando as práticas de leitura e escrita, os sujeitos eram motivados a elaborar um “diário de campo” e produzir um glossário com o vocabulário adquirido a partir do que foi estudado. É comum a ausência de sinais em Libras para palavras em português usadas em contextos específicos (como a fotografia), o que dificulta o acesso do surdo a determinados conteúdos. Portanto, o desenvolvimento de um glossário mobiliza conhecimentos linguísticos e contribui para a compreensão do conteúdo e sua prática.

Esperava-se que o envolvimento na produção deste material proporcionasse o aprendizado de conteúdos linguísticos (em ambas as línguas) e sobre fotografia. Com os conceitos apresentados, surgiram termos em português e sinais em Libras que eram ainda desconhecidos pelo grupo e, aplicando-os de forma contextualizada nas atividades, conseguíamos construir e compreender os significados. Elaborando o diário, os alunos puderam conceituar por escrito o que foi aprendido e aplicar não só o conteúdo fotográfico como o linguístico. Elaborando o glossário, o mesmo aconteceu, dessa vez em Libras.