Para os professores que lecionam em contexto socioeducativo, é notória a dificuldade em sensibilizar os educandos para o aprendizado da leitura e da escrita. A educação de adolescentes que estão em cumprimento de medida socioeducativa de internação é um direito fundamental. Entretanto, os conteúdos curriculares tradicionais não refletem a perspectiva social desses adolescentes. Voltado para essa realidade, o estudo de Bastos (2019) analisou representações de adolescentes em conflito com a lei, em que se inter-relacionam percepções sobre o aprendizado de língua materna, vivências escolares e percursos pelas rotas de risco. Como fundamentação, embasa-se nos Estudos Culturais (HALL, 1997), Estudos sobre Juventudes Contemporâneas (PERONDI; STEPHANOU, 2017), Teoria das Representações Sociais (MOSCOVICI, 1978) e estudos sobre adolescentes em conflito com a lei (STECANELA, 2010, 2012; CRAIDY; SZUCHMAN, 2017). Metodologicamente, primamos por ouvir o que os adolescentes tinham a dizer. Para isso, em situação de sala de aula, foram realizadas rodas de conversa em cinco turmas do ensino fundamental, duas em uma unidade feminina e três em uma unidade masculina. As conversas foram orientadas por questões relativas à percepção dos educandos sobre o aprendizado de língua materna e experiência escolar. Do trabalho de campo, enfatiza-se, nesta comunicação, o percurso de pesquisa, em que se sobressaem dados relativos às representações dos adolescentes sobre suas vivências na rua que culminam com o abandono escolar. Considerando o contexto deste estudo, ressalta-se a importância de refletir sobre as representações de adolescentes em conflito com a lei como ponto inicial para projetar um ensino de língua materna significativo para esse perfil de educando. Com base nos dados analisados por Bastos (2019), entende-se que as representações dos adolescentes possibilitam refletir sobre os aspectos políticos e culturais subjacentes ao ensino e aprendizagem de língua materna em contexto socioeducativo.