Esta comunicação apresenta a análise do plano de texto do Termo de declarações e depoimentos, um dos gêneros que constitui o inquérito policial. Trata-se do recorte de uma pesquisa que aborda a construção de imagens de vítima e agressor em um corpus constituído por inquéritos policiais, com base na noção de representação discursiva, conforme encontrada em autores como Adam (2011) e Grize (1996), dentre outros. Para este momento, objetivamos analisar o modo como o Termo de declarações se estrutura linguisticamente; descrever a ocorrência das representações discursivas de vítima, conforme se encontram distribuídas no plano de texto desse gênero jurídico. Na fundamentação teórica, a pesquisa se insere na Linguística de Texto, mais especificamente, na Análise Textual dos Discursos (ATD) proposta por Adam (2011). Inserida no paradigma qualitativo de caráter descritivo, a pesquisa apresenta um caráter documental, cujo corpus é constituído por textos de inquéritos policiais, produzidos em uma Delegacia Especializada de Amparo à Mulher, em Natal, cidade do Nordeste do Brasil. Os resultados revelam que o texto do Termo de declarações apresenta, em sua estrutura, uma padronização de elementos que, por serem recorrentes, são fixados pela historicidade do gênero, apresentando, assim, um plano de texto convencional. Com relação às representações discursivas de vítima e de agressor, estas se concentram na segunda parte do texto, no desenvolvimento da narrativa. A pesquisa conclui que a partir da construção dessas representações se evidenciam os pontos de vista e as intenções do enunciador [a vítima], de representar-se a si mesmo na condição de vítima de violência e, ao mesmo tempo, acusar e incriminar o culpado pela prática dessa violência.