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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A escrita e reescrita de texto na educação básica: um processo de reflexão sobre a língua

Autores:
Aline Raquel Konrath (CMB - Colégio Madre Bárbara, UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

Resumo:

Este relato de experiência visa a apresentar uma proposta de ensino de escrita e reescrita de crônicas narrativas em língua portuguesa na educação básica, que se fundamenta na teoria enunciativa de Benveniste, a qual se constitui como uma possibilidade para refletir sobre o ensino de texto no espaço escolar. Defende o autor (2005, p. 285) que “a linguagem ensina a própria definição de homem”, ou seja, ela é inseparável do ser humano, que, ao se apropriar da língua, constitui-se enquanto sujeito. Surge, assim, uma das categorias centrais nos estudos do linguista, que é a categoria de pessoa, evidenciada pelos pronomes pessoais eu/tu. Ainda que os estudos benvenistianos sobre enunciação enfatizem a língua falada, a perspectiva da escrita enunciativa constitui-se numa possibilidade de ensino em sala de aula à medida que acreditamos que ao escrevermos, escrevemos a alguém. Sem tal ciência, o trabalho de escrita pode tornar-se insignificante. Assim, a proposta de ensino de texto foi realizada com turma de 8º ano ao longo de três semanas. Na primeira semana, os alunos produziram crônicas narrativas a partir de notícias de jornais; na segunda, os textos foram lidos e analisados por colegas da turma, que teceram sugestões e questionamentos; por fim, na terceira semana, os autores receberam suas crônicas com suas respectivas análises e produziram a reescrita textual. Portanto, percebemos que a reescrita é vista como um trabalho de reflexão sobre a língua, diferentemente do texto que é meramente passado a limpo após as correções do professor. Além disso, à medida que o aluno escreve e reescreve, também modifica a sua subjetividade, já que o trabalho com a escrita demanda um grau de consciência muito maior que a enunciação falada, o que lhe permite refletir sobre a língua e, por consequência, constituir-se enquanto sujeito.