Instigada pelos fluxos migratórios e pela mobilidade estudantil no ensino superior, a diversidade linguística é atualmente uma realidade nas instituições de ensino portuguesas. Neste contexto, o Português para Fins Específicos (PFE) e Académicos assume-se mais do que nunca como uma necessidade por parte de estudantes universitários e profissionais estrangeiros.
De facto, a importância das línguas para fins específicos no âmbito do ensino de língua estrangeira é já reconhecida desde os anos 60 com o advento do movimento do Inglês para Fins Específicos (Nagy 2014), tendo como base a análise das necessidades do público aprendente. Neste sentido, os documentos orientadores de ensino-aprendizagem de língua estrangeira europeus (Quadro Europeu Comum De Referência para as Línguas) e nacionais, desde o Português Língua Não Materna no Currículo Nacional e o Quadro de Referência para o Ensino Português no Estrangeiro (QuaREPE) ao recente Referencial Camões PLE (2017), não poderiam deixar de contemplar o PFE. A questão que se coloca é se a língua para fins específicos tem o reconhecimento que lhe é devido na atualidade, pretendendo-se analisar o seu estatuto nos guias orientadores e outras publicações de relevo no mercado editorial português, e respetivas repercussões para o ensino de PLE. Na verdade, verifica-se que o crescimento do interesse pelo PFE contrasta com um investimento insuficiente no desenvolvimento desta área, quer em Portugal, quer no Brasil. Outro intuito desta investigação é revelar os contributos da linguística para o ensino de PFE e para a criação de materiais e recursos linguísticos que apoiem a sua aprendizagem e disseminação, aumentando simultaneamente o prestígio e a internacionalização da língua portuguesa.