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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


AS ESTRATÉGIAS DE CONSTITUIÇÃO DO INSÓLITO NO CONTO O PESCADOR CEGO, DE MIA COUTO

Autores:
Ana Cristina Teixeira de Brito Carvalho (UEMA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Lilásia Chaves de Arêa Leão Reinaldo (IFMA - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO)

Resumo:

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O conto do escritor moçambicano Mia Couto O pescador cego é um daqueles textos que provocam estranhamentos ao leitor por meio de uma constituição do insólito que irrompe no real cotidiano dos personagens inseridos em uma trama aparentemente circunscrita à realidade cartesiana. No conto do referido autor presente na coletânea Cada Homem É Uma Raça (1998) tem-se como recurso estético um narrador heterodiegético que anuncia o relato da narrativa por meio de algumas reflexões filosóficas que poderiam ser compreendidas como interpretações ou conjunto de significações promovidas por meio da trama. Wittiman (2012) observa que, quando se fala em fantástico e em mágico, se está referindo a uma visada ocidental, uma vez que, na cultura africana, o sobrenatural é natural. Sílvio Ruiz Paradiso avalia que, em se tratando de Literatura africana, certos fenômenos considerados mesmo absurdos, incomuns ou impossíveis às demais civilizações, são comuns e fazem parte intrínseca de uma percepção do real, de uma realidade animista (2015). Objetiva-se, assim, por meio do estudo do conto, identificar o conjunto de estratégias de composição do insólito no cerne dessa narrativa de modo a comparar com a estratégia utilizada em outros contos da literatura ocidental, observando as diferenças e semelhanças de recursos narrativos e discutindo conceitos do fantástico, maravilhoso e mágico em contraposição ao conceito de realismo animista, proposto por escritores e críticos africanos.