CECÍLIA MEIRELES E OS “MUTILADOS JARDINS”
Ilca Vieira de Oliveira
Unimontes/CAPES
ilcavieiradeoliveira@yahoo.com.br
Este trabalho discute como a temática do jardim é evocada em poemas de Cecília Meireles, observando como o poeta solitário interroga a sua existência no mundo pela palavra poética. O jardim é conhecido por muitos leitores dessa escritora como um espaço em que prevalece a harmonia, entretanto, o que se pode observar pela leitura de sua obra é que esse espaço idealizado não é o que se pode apreender de muitos poemas. Propõe-se repensar o jardim como espaço de equilíbrio e harmonia (a natureza com os seus bichos e plantas) porque em diversos poemas há uma paisagem em ruínas e os seres da natureza se encontram em decomposição, desintegração e mortos. Nessa discussão iremos privilegiar poemas que evocam a imagem da “chuva”, dentre os quais elegemos: “A chuva chove...”, “Chuva”, “Tarde de chuva”, “Manhã de chuva na infância”, “Tarde de chuva na infância”, “Da solidão”, “Papéis”, e “Paisagem e silêncio”. A análise crítica dos poemas tem aporte teórico-crítico os textos de autores que apresentam reflexões sobre a paisagem, o jardim a morte e a poética de Cecília Meireles, tais como: Michel Collot, Anne Couquelin, Maurice Blanchot, Gaston Bachelard, Walter Benjamin, George Agamben, Leila V. B. Gouvêa, Margarida Maia Gouveia, Ana Maria Lisboa, entre outros. Diante disso, o que se pode observar é que a temática do jardim que se configura nos poemas revela a ideia de um corpo mutilado e um ciclo da vida em constante transformação.
Palavras-chave: Cecília Meireles, jardim, morte, imagens da chuva.