PESQUISA ESCOLAR E PRODUÇÃO DE TEXTOS: A APROPRIAÇÃO DA PALAVRA ALHEIA | Autores: Lídia Maria Ferreira de Oliveira (UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE) |
Resumo: Na esfera escolar, pesquisa, leitura e escrita caminham juntas, são atividades interdisciplinares, ainda que a escola teime em apartar os campos do saber, disciplinando-os. No entanto, a atividade de pesquisa é frequentemente relegada, e sua potência teórico-metodológica, apagada. Com a teoria da enunciação bakhtiniana, reconhecemos a contribuição da atividade de pesquisa para a produção de textos escolares – compreendida de modo amplo –, considerando-se que pesquisar é um processo dialógico, é um encontro, peculiar, com o outro. O outro é condição de criação de nossa palavra: transformar palavras alheias em palavras próprias pressupõe cópia, citação, paráfrase, autoria. A produção de textos na escola é uma prática socialmente relevante porque forma, transforma, integra estudantes e professores, que, envolvidos no processo de investigação, de aprendizagem, constroem seus saberes. Nos últimos cinco anos tenho desenvolvido, junto com outros professores e estudantes do ensino médio, trabalho sistemático cujo ponto central é a aprendizagem de metodologias de pesquisa escolar e a produção de textos monográficos, além da apresentação e divulgação dos resultados dessas pesquisas pelos discentes. Temos observado, ainda de modo assistemático, que os discentes têm tido mais sucesso na preparação e na apresentação dos resultados de suas pesquisas que na produção do trabalho monográfico. As dificuldades de organização e articulação tanto das informações quanto dos conceitos se dão mais no texto do trabalho escrito do que nas apresentações em que a modalidade oral objetivamente constituirá o texto junto com a modalidade escrita, além do uso de imagens e/ou vídeos. Tais constatações têm reafirmado a necessidade de partir das produções dos discentes, tanto para o planejamento de ações como para a produção de material pedagógico.
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