Por muitos anos, a música sertaneja foi um espaço de circulação somente de vozes masculinas. A maioria dessas vozes propagava um discurso machista e autoritário. Nas canções entoadas pelas duplas sertanejas e cantores solos, a figura feminina era vista, muitas vezes, como um objeto de uso do universo masculino. O discurso produzido pelas músicas sertanejas difundiam, assim, valores considerados negativos em relação à mulher. Para Bakhtin, o enunciado e os gêneros do discurso estão diretamente relacionados ao cotidiano dos falantes. Os gêneros da música sertaneja ganharam prestígio entre a população, passando da música raiz (propagada pelo rádio), à música sertaneja (propagada pela TV), ao sertanejo universitário (destacado pela Internet). Esses estilos de música, em cada época histórica, vêm cedendo espaço para as mulheres, ampliando a diversidade de vozes na música sertaneja. Cantando solo ou em duplas, as mulheres trouxeram à música sertaneja temas importantes, passando a trazer em suas letras situações do contexto feminino antes não abordado. O sertanejo universitário, por apresentar maior participação de vozes femininas, adotou o termo Feminejo, para denominar o movimento que ressalta o empoderamento das vozes femininas nas canções sertanejas. Essas vozes, anteriormente silenciadas, permitem o posicionamento e a valoração da mulher no mundo sertanejo, o qual era totalmente dominado pelos homens. Com esse movimento, observa-se que as cantoras sertanejas vêm contribuindo não somente para manter a cultura sertaneja no país, mas, sobretudo, vêm contribuindo para que as vozes femininas sejam mais respeitadas na sociedade e no meio artístico. As vozes femininas do sertanejo vêm fazendo história e rompendo barreiras. Assim, o presente estudo propõe abordar o movimento Feminejo no ensino língua portuguesa, a fim de conscientizar os alunos acerca da igualdade de gêneros e da importância do empoderamento feminino no processo histórico e cultural da sociedade.