O discurso político pode ser entendido como um conjunto articulado de marcos de interpretação da realidade que funciona estruturando pensamento, fala e ações individuais e coletivas. O conhecimento sobre política resulta de uma discursividade sobre a teoria e a prática política. O conhecimento envolve relações de luta e poder (Foucault, 2003). Ressalta-se aqui o conhecimento político que circula nas mídias tradicionais, em especial na impressa. A noção de política circulante nesses meios de comunicação provoca um distanciamento do conceito aristotélico de política, discutido por Arendt (2007). Esta noção leva ao entendimento da política ora como um conhecimento técnico, ora como a expressão da corrupção. Estas duas perspectivas distanciam o cidadão do verdadeiro sentido da Política. Este conhecimento pressupõe um sujeito do conhecimento que, no contexto atual da política brasileira, é um sujeito desinteressado e odioso da política diante de tantos escândalos que a criminalizam  (Souza (2016, 2017). Os sentidos circulantes na sociedade brasileira sobre política compõem uma discursividade que pretendemos compreender a partir da análise das capas e das reportagens de capas da revista semanal IstoÉ, publicadas ao longo do mês de outubro quando ocorrerão os dois turnos das eleições presidenciais no Brasil. Esta escolha se deve às características das eleições gerais no Brasil em 2018 e à discursividade sobre a política e os políticos presentes nos meios de comunicação tradicionais. A revista, enquanto uma mídia impressa, permite uma análise dos diversos recursos semióticos presentes em textos multimodais. A abordagem teórico-metodológica proposta neste estudo está ancorada na perspectiva da Gramática do Design Visual (KRESS; VAN LEEUWEN, 1996; 2006) e da Multimodalidade (KRESS, 2010). A hipótese deste estudo é que ao construir uma discursividade sobre o conhecimento político e sobre o sujeito do conhecimento político a revista forja um contexto favorável a projetos políticos ligados aos seus interesses de classe.