As unidades lexicais são constituídas no acervo vocabular dos falantes e são moldadas por aspectos sociais, linguísticos e, principalmente, culturais. Cabe ao dicionário a responsabilidade de repertoriar esse acervo vocabular, pois a partir do momento em que um vocábulo é dicionarizado ele ganha legitimação léxica, daí a necessidade de estudos na área da Lexicografia, grosso modo, ciência linguística que oferece subsídios teóricos e metodológicos para a elaboração de dicionários. Entretanto, nem sempre essas obras, na sua organização, seguiram um padrão lexicográfico, o que as tornavam carregadas de problemas de cunho linguístico e social, como: a manifestação de preconceito e intolerância em algumas definições. Tendo isso em vista, o objetivo deste trabalho, ainda em fase inicial, é analisar semanticamente acepções de verbetes de dicionários que tenham como entrada unidades léxicas que nomeiam os grupos excluídos da sociedade brasileira, a priori: mulher e negro. Do ponto de vista teórico, no que se refere ao estudo da exclusão e da constituição de dicionários, adotamos a perspectiva interdisciplinar da Linguística Aplicada: estudos sobre identidade de gênero (BIONDO, 2015; MOITA LOPES, 2002; SAFFIOTI, 1987) e estudos lexicográficos (BIDERMAN, 1998; OLIVEIRA E ISQUERDO, 2001; ZAVAGLIA, 2012, entre outros). Metodologicamente, os verbetes foram extraídos de dicionários gerais (antigos e contemporâneos) da Língua Portuguesa (impressos e eletrônicos) de modo a formar o corpus da investigação. A partir da análise das definições, visamos à desnaturalização de determinadas acepções. Vale salientar que esta pesquisa está sendo desenvolvida por duas alunas do Curso Técnico Integrado em Informática do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Aquidauana (IFMS), sob amparo do Programa Institucional de Iniciação Científica e Tecnológica (Pibic).