O objetivo específico é discutir o alcance do poder da mídia no que concerne à (des)construção de imagens atreladas a momentos políticos no cenário brasileiro, em tempo real de curta duração. Entre as construções sociossemióticas que se entrecruzam no tecido heterogêneo da vida social, destacam-se fios semânticos que tecem o fenômeno da multimodalidade: imagem e texto verbal. No momento atual, as concepções dicionarizadas de “golpe” - que vão desde ato ou gesto pelo qual alguém alcança ou tenta alcançar outrem com um objeto, uma arma branca até subversão da ordem constitucional -  demandam um estado de alerta  e cobram profunda reflexão no que concerne a caminhos rumo a uma  nova consciência cidadã. O escopo central da apresentação é sugerir que o estudo de uma língua natural, integrado ao enfoque de outras formas sociais de semiose, bem como à interioridade do sistema linguístico, permite analisar a sua exterioridade (discurso) de maneira crítica. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa (descritiva e interpretativa), cujos dados documentais selecionados encontram-se balizados por procedimentos teórico-metodológicos da Análise de Discurso Crítica nos moldes de Fairclough (2003, 2010), associada à Linguística Sistêmico-Funcional, proposta por Halliday (1994) e ampliada em Halliday & Matthiessen (2004; 2010). Completamos a triangulação teórico-metodológica com a Semiótica Social, proposta por Kress e van Leeuwen (2006) e van Leeuwen (2008). Os primeiros resultados do estudo sugerem que as concepções de “golpe”, tal como se vem caracterizando, constitui a resultante de um processo de índole dúplice: política e midiática que provoca uma espécie de efeito bumerangue em um novo processo que vai do lugar do arremesso, seja da política para a mídia e/ou vice-versa, acentuado pelo resgate e revitalização da expressão ”golpe de Estado” (entre governistas e oposicionistas), o que confunde a opinião pública.

Palavras-chave: discurso, gramática, construções sociossemióticas, texto, imagem