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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA E SUA REPRESENTAÇÃO EM CONTEXTOS DE IMIGRAÇÃO: O CRIOULO HAITIANO E O TALIAN NO OESTE CATARINENSE

Autores:
Sílvia Fernanda Souza Dalla Costa (IFC - Instituto Federal Catarinense) ; Jucelia Borsati (UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul) ; Flavia Rosane Camillo Tibolla (UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul)

Resumo:

A região oeste catarinense foi povoada por descendentes italianos vindos de contextos de imigração, que se utilizavam do talian como língua materna; nos últimos anos, por sua vez, houve a imigração de haitianos que passaram a trabalhar e viver na região. Para estes, a Língua Portuguesa foi entendida como um instrumento de trabalho, a partir do momento em que ela se tornava imprescindível para a interação nas diversas atividades que a agroindústria exigia. Em análises iniciais (Dalla Costa; Bergamo, 2015), constatou-se que o crioulo haitiano (créol) persistia nas relações familiares e de amizade, mesmo com cursos de Língua Portuguesa, usada apenas nas atividades laborais. Nesse sentido, com base em Coracini (2007) e Orlandi (2008), buscou-se analisar as representações surgidas no processo de aquisição da Língua Portuguesa, nesse contexto de imigração dos haitianos em uma região marcada por outro contexto de imigração, representado pelos que ainda falam talian em suas famílias. Analisou-se ainda percepção desses imigrantes frente às dificuldades encontradas com relação à aprendizagem, uso e importância da Língua Portuguesa na interação social. Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se de entrevistas semiestruturadas com crianças haitianas que frequentam escolas da região e com crianças que aprenderam talian como língua materna com suas famílias. As entrevistas foram transcritas e realizou-se análise de conteúdo a partir dos eixos propostos pelas questões. Constatou-se que, embora ambos os casos sejam de contextos de imigração, o talian já é visto como  identidade cultural “do qual se tem orgulho em passar aos filhos”, enquanto que o haitiano precisa “aprender a Língua Portuguesa” para trabalhar, sem a preocupação de que representação esta língua tem e de como se apropriam dela. Aspectos relacionados a visões de imigração, fatores históricos e sociais, identidade cultural, entre outros, emergem das representações surgidas desse contato entre-línguas em um mesmo espeço geográfico.