Gramática Movimental: uma proposta metafísica | Autores: Clóvis Luiz Alonso Júnior (USP - Universidade de São Paulo) |
Resumo: Sintomaticamente dedicado à linguagem, o tomo primeiro de A filosofia das formas simbólicas, de Ernst Cassirer, é epigrafado com a proposição “o homem é um ser simbólico” e contém denso capítulo que perscruta a influência do espaço na confecção da Língua. Aí me amparo para desenvolver teoria segundo a qual a percepção e a incorporação do espaço físico e dos movimentos nele realizados pelo homem são precisamente constitutivas do material linguístico. Proponho que aqueles movimentos — movimento de lugar de onde, movimento de lugar para onde, movimento de lugar por onde e movimento de lugar onde (ex opposito, não-movimento) — sejam como que mimetizados pelo “ser simbólico” que é o homem na formulação da instância simbólico-representativa que é a Língua, cujo caldo lexical e cujas construções morfossintáticas são forjados na matriz que denomino metáfora do espaço e do movimento. Por meio de reflexão que tanto pretendo rigorosa quanto reconheço inortodoxa, tenciono demonstrar, em amplo espectro da Língua, o rendimento da atuação metafórica, em que o caráter físico-concreto da motivação espacial-movimental permanece na abstratização, própria da metáfora: certa apreciação arqueológica da Língua permite observar a permanência daquela motivação primeva ainda em significados altamente abstratizados da palavra, bem como, em pé de igualdade, permite verificar nas construções morfossintáticas a manutenção do que proponho como ontogênese metafórica.
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