Este trabalho objetiva analisar o emprego dos pronomes oblíquos átonos em textos que exigem a escrita em nível formal da língua portuguesa. Objetiva-se, especificamente, analisar 1) se as realizações dos referidos pronomes seguem as regras prescritas por gramáticas normativas da língua portuguesa; 2) se houver divergências entre as regras prescritas por esses compêndios e o efetivo emprego dos referidos pronomes, tentar entender em quais situações essas divergências ocorrem; e 3) comparar se há diferença significativa no emprego dos referidos pronomes nos textos escritos no mesmo veículo de comunicação entre uma década e outra. O estudo é realizado com base nas regras prescritas para tal fato linguístico por três gramáticos: Cegalla (2005), Almeida (1995) e Cunha e Cintra (1995). O corpus que serve de análise é formado por textos de duas edições dominicais do jornal Folha de São Paulo: uma edição do ano de 2005; outra, de 2015. Para a análise, categorizaram-se todas as ocorrências de próclise, mesóclise e êncilise conforme as regras prescritas pelos compêndios que pautam este trabalho; realizou-se a computação dos dados quanto ao número de ocorrências conforme tais regras prescritivas e as ocorrências que não as seguem. Para a análise, tomaram-se os gêneros textuais que exigem a escrtia padrão da língua (editorial, artigos, notas) veiculados em todos os cadernos nas duas edições dominicais que compõm o corpus de análise. A análise já realizada revela que 28,5% e 29% dos empregos próclíticos das edições de 2005 e de 2015, respectivamente, ocorreram sem a presença de termo de valor atrativo. Esses dados são significativos, uma vez que se trata de um uso em veículo de comunicação de grande circulação nacional e de prestígio.