No discurso do ódio, a língua se torna uma poderosa arma, não só por convocar para a violência, mas também por ela própria ser uma forma destrutiva de exercício da violência. É nesse âmbito que se situa a presente comunicação. Nela se pretende dar evidência a traços linguísticos e discursivos das manifestações de intolerância e ódio, as quais irrompem, de forma assustadora, nas interações na internet, particularmente no facebook. A plataforma do facebook foi concebida para relações de proximidade, cujo cenário enunciativo já se configura na própria pergunta de entrada: “No que você está pensando agora? ou “Deseja compartilhar uma atualização,...? É um eu que se dirige a um tu, instituindo um quadro de relações que convidam à informalidade, à conversa, à fala, em suma, à oralidade, ainda que por meio da escrita. Esse cenário conferirá às manifestações de intolerância e ódio uma caracterização formal similar às explosões correspondentes nas relações face a face do cotidiano. Discursivamente, observa-se que esse mesmo cenário sofre o condicionamento específico do fato de as manifestações no facebook serem impulsionadas umas pelas outras.  A um primeiro rompante segue um segundo, um terceiro e assim, sucessivamente, dependendo da candência do tema em pauta, se junta uma multidão, na qual todos se influenciam e se incitam mutuamente, gerando o que Barros (2016) denomina de “ondas” ou “tsunamis” de reações de ódio e violência, cujos traços mais marcantes são a desqualificação humana (identificação com animais), o banimento, a aniquilação, a morte.