De vítima a vilã: a referenciação a favor do assassino
| Autores: Deborah Andrade Leal (UFAL - Universidade Federal de Alagoas) |
Resumo: Este trabalho analisa, à luz da Linguística Textual, sob a perspectiva teórica sociocognitivo-interacionista e discursiva do fenômeno referencial da linguagem, os processos de referenciação e seus efeitos argumentativos de sentido nos autos de um processo penal. O objetivo foi demonstrar como a referenciação pode conduzir um julgamento em um processo penal de homicídio doloso. Como fundamentação teórica, reportou-se a Apothéloz (2003), Bakhtin (2003), Benveniste (1989, 1991), Koch (2003, 2004, 2005, 2009), Lima e Cavalcante (2013), Marcuschi (2001, 2003, 2005, 2008), Mondada e Dubois (1995, 2003), entre outros. A análise se dá em um corpus constituído pelas alegações finais do promotor de justiça e do advogado de defesa de um caso/crime que foi submetido a júri popular em uma pequena comarca do interior da Bahia. Fez-se a análise/descrição de como o processo de referenciação pode ser um aliado dos profissionais do direito. Ao final da análise, constatou-se que, com processos de referenciação, a assassinada passou de vítima a vilã, prevalecendo o juízo de valor trabalhado pelo advogado do réu. Isso permite afirmar justamente o que já era o objetivo no início deste estudo: que a referenciação tem um poder de grande importância quando se trata, em especial, de textos com intenção persuasiva. |