O trabalho investiga o papel do input e dos conhecimentos implícito e explícito nos processos de aquisição de segunda língua – L2 e de aprendizagem da escrita do Português do Brasil - PB, partindo do pressuposto de que aprender a escrita padrão do PB se assemelhe a adquirir uma L2 (cf. Kato, 2005). A análise aponta semelhanças entre os dois processos, particularmente em relação ao papel do input, mas salienta a necessidade de pensar o aluno do PB enquanto falante competente de sua língua materna. A pesquisa sinaliza, também, para as diferenças entre os processos, pois o conhecimento implícito do aluno que chega à escola é o ponto de partida para o letramento, já na aquisição de L2, um dos objetivos é a construção do sistema implícito da L2 (cf. AGUIAR e GUERRA VICENTE, 2017). Discutimos propostas metodológicas fundamentadas em uma concepção mentalista da língua, sugerindo a técnica de “eliciação” como ferramenta pedagógica de conscientização linguística do aluno. Por fim, esboçamos uma sequência didática à luz das teorias linguísticas discutidas, tendo como tema o ensino dos clíticos acusativos de terceira pessoa.
Kato (2005) analisa como o falante letrado atinge tal conhecimento, buscando suporte nos conceitos de Gramática Nuclear e de Periferia Marcada (cf. CHOMSKY, 1981). Interessa-nos averiguar o lugar de cada um dos aspectos acima mencionados dentro da discussão promovida por Kato. Para tal, adotamos a Teoria do Bilinguismo Teórico, de Roeper (1999). No que tange às noções de input, sistema implícito e explícito, embasamos nossa discussão no trabalho de VanPatten (2003), sobre aquisição de L2. Fundamentamo-nos, também, nas pesquisas de Sim Sim, Duarte e Ferraz (1997), Duarte (2008) e de Costa et al (2011), Pilati et al (2011) acerca do ensino de língua portuguesa como língua materna, buscando estabelecer os pontos de interseção e de diferença entre os processos.