Imprimir Resumo


Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Classes de palavras: o substantivo e o verbo em livros didáticos brasileiros e angolanos

Autores:
Aquiles Tescari Neto (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)

Resumo:

Este trabalho tem por objetivo discutir a conceituação de duas classes de palavras (clp) em livros didáticos angolanos e brasileiros para o ensino médio/ensino secundário. As clps são geralmente definidas com base em critérios morfossemânticos, i.e., critérios (i) que tomam por base a noção expressa por determinada clp (critério semântico) e que tomam por base o fato de a palavra variar ou não (em gênero e número, p.ex.) (critério morfológico). Raramente a tradição gramatical recorre a critérios sintáticos (i.e., à posição ocupada, na sentença, pela palavra) quando da definição de determinada clase (Câmara Junior, 1970; Donati, 2008). Essa parece ser a razão pela qual nossos livros didáticos optam também critérios morfossemânticos para a conceituação das clps (Tescari Neto & Perigrino, 2018). Essa observação se estende aos materiais do ensino médio/secundário consultados, que optam por definições semântico-nocionais. No levantamento inicial, investigamos dois livros didáticos angolanos (para o segundo ciclo do ensino secundário): Língua portuguesa, 10 e 11 (Airosa, 2015) e o livro brasileiro de Cereja & Magalhães (2012): Português: Linguagens, vol. 2 (2o ano do ensino médio). Ambas as coleções optaram por critérios semânticos na definição dos nomes e dos verbos: nomes “designam os seres”; verbos “exprimem ação/estado”. O critério morfológico se faz presente geralmente quando os autores tratam das flexões do verbo e do nome. O trabalho sugere, na esteira de Tescari Neto & Perigrino (2018), que as clps sejam discutidas com base nos três critérios, tendo o critério sintático um certo destaque, como em Donati (2008), haja vista o fato de este critério recorrer tão somente à posição da palavra na estrutura, o que, em última instância, dependerá do conhecimento do falante (Chomsky, 1986) sobre a sua própria língua.