O livro de crônicas Um solitário à espreita (2013) do autor Milton Hatoum reúne 96 amostras de publicações em jornais nos últimos 10 anos de escrita do autor. Divide-se em quatro seções que compreende quatro temas, por exemplo, a realidade, a língua e a literatura, os afetos e a memória.
Este trabalho tem como objetivo apresentar brevemente as análises das crônicas que relatam a memória real e inventada dessa personagem ficcional, solitário, criado por Milton Hatoum sobre a cidade Manaus dos anos pós-guerra, assim como as vivências sob o regime militar. A cidade foi sendo transformada sob os olhos de um solitário, à espreita da chegada de famílias advindas de países europeus, árabes por causa da exportação da borracha, economia da época, as mudanças, as transformações sofridas na cidade banhada por um dos rios mais extensos do Brasil por onde chegavam as mercadorias e abasteciam a cidade. Palafitas foram demolidas, ribeirinhos foram retirados de suas casas, bairros flutuantes foram desfeitos para que fossem construídos prédios para o centro da cidade.
É por meio dessas memórias escritas pelo autor manauara, observando as histórias vivenciadas e impressas na literatura contemporânea que se pretende analisar as crônicas, sob a perspectiva teórica da obra Magia e técnica, Arte e Política (1936) do autor Walter Benjamin no que tange sobre o narrador e as reminiscências.