Culturalmente o indivíduo sempre estabeleceu uma relação identitária com trabalho, já que, por meio das atividades laborais, o homem demarca sua posição socialmente, identifica-se com outros indivíduos que exercem atividades semelhantes, de modo a formar grupos. Em função da relação tão intrínseca entre o homem e o trabalho, é natural que no ato de nomeação das localidades, as atividades relativas ao universo do trabalho sejam elementos decisivos nesse processo de denominação.
Conforme o modelo de taxionomia toponímica proposto por Dick (1990a), os sociotopônimos são nomes de lugares ligados às atividades profissionais, locais e postos de trabalho e locais públicos onde as pessoas se reúnem. O Atlas Toponímico do Estado de Minas Gerais (ATEMIG), por meio do qual o corpus desta pesquisa é formado, é composto por mais de 85 mil topônimos mineiros, dos quais mais de 5 mil nomes são classificados como sociotopônimos. A sociotoponímia, portanto, é uma motivação denominativa bastante recorrente em Minas Gerais, uma vez que é a quarta taxonomia de natureza antropocultural mais recorrente no estado. Neste estudo, iremos expor alguns resultados parciais da pesquisa sobre a nomeação das localidades mineiras, de modo a resgatar um pouco da história do trabalho e das relações coletivas em Minas Gerais, a partir dos nomes de lugar.
A Toponímia, ciência que se dedica ao estudo dos nomes de lugar, revela-se de grande importância para o conhecimento de aspectos histórico-culturais de um povo, pois possibilita o reconhecimento de fatos linguísticos, de ideologias e de crenças, uma vez que investigar os nomes dos locais compreende também a análise da cultura e da relação do homem com o meio em que vive. Diante do valor social, histórico, cultural e linguístico da Toponímia, o trabalho proposto irá apresentar os resultados parciais de pesquisa sobre os sociotopônimos em Minas Gerais.