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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Aplacando a nostalgia do belo: o kitsch osmaniano em "Quem era Shirley Temple" ?

Autores:
Fernando Antônio Dusi Rocha (UNB - Universidade de Brasília)

Resumo:

O objetivo do presente trabalho é averiguar o kitsch como manifestação visual carregada de clichês e de falsificações em Quem matou Shirley Temple? — um dos três casos especiais escritos por Osman Lins para a dramaturgia televisiva no final dos anos 70. Pretende-se discutir como os mecanismos imagéticos tipicamente kitsch são integrados ao texto e às indicações feitas pelo próprio autor nas epígrafes do drama, enfatizando-se como tais mecanismos visuais são determinantes para a composição das personas da protagonista e das personagens e para a contextura dos elementos cenográficos. A discussão gira em torno, basicamente, dos recursos textuais e imagéticos pelas quais Osman incorporou e da deformou a figura da atriz mirim Shirley Temple — de estrondoso sucesso comercial no cinema dos anos 30 —, captada como expressão do kitsch enquanto substituição da categoria ética pela categoria estética. Além disso, quer-se demonstrar como a imagem pueril da atriz presta-se para depurar e consolidar convenções sociais e culturais que estimulam a nostalgia pessoal por um mundo melhor e mais seguro. A base teórica dessas investigações assenta-se em importantes aspectos do pensamento de Hermann Broch, em sua obra seminal Kitsch, vanguarda e a parte pela arte, com especial ênfase à análise do kitsch como derivante da atitude espiritual típica do século 19 definida como romântica e como forma perene de exaltação do absoluto (e do pseudoabsoluto) no cotidiano mesquinho das pessoas