Revolver a terra dos nossos Buracos Negros | Autores: Luciene Araújo de Almeida (IFG - Instituto Federal de Goiás ) |
Resumo: O objetivo desse trabalho é problematizar a representação da mulher negra na literatura brasileira, bem como apresentar de que forma a narrativa de Cristiane Sobral, especificamente o conto O Buraco Negro presente no livro Espelhos, Miradouros, Dialéticas da Percepção (2011) se relaciona com as nossas trajetórias de Mulheres-Negras, inserida em uma sociedade patriarcal e, ainda, marcadamente racializada. Ao ler a primeira frase do conto que diz: "Estive muito tempo dentro de um buraco estranho e escuro (p.45)" nos leva para dentro desse universo literário marcado pela dor das personagens, que refletem as injustiças, ainda presentes em nossa sociedade. A arte imita a vida, ou a vida imita a arte? Pergunta clássica que nos fazemos sempre que encontramos escritos que relatam nossas dores e amores. Conceição Evaristo, cunhou o termo denominado “Escrevivência”, que, segundo ela, intenta em, “contar as nossas histórias a partir das nossas perspectivas, é uma escrita que se dá colada à nossa vivência, seja particular ou coletiva, justamente para acordar os da Casa Grande”. O que proponho nesse trabalho é analisar o já referido conto, discutindo como a escrita de Sobral se constituí no cenário da literatura afro-brasileira que tem se firmado como a expressão de um discurso tradicionalmente posto a margem, mas que tem buscado romper o silêncio histórico. Desde a implementação da lei 10639/2003, que torna obrigatória a inclusão do estudo de História e Cultura Afro-brasileira nos currículos escolares, muitos tem sido os esforços para incluir nos currículos escolares escritoras e escritores que apresentam em seus textos a temática em questão, destacando a relevância do estudo em questão.
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