A DISCURSIVIZAÇÃO DO FEMINICÍDIO NA MÍDIA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DO CASO “TATIANE SPITZNER” | Autores: Ângela Paula Nunes Ferreira (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) |
Resumo: A mais grave manifestação de violência contra a mulher se dá nos casos de feminicídio. Esta modalidade delituosa, ainda tão presente na nossa sociedade, se constitui no homicídio de mulheres por questões de gênero. Nesta pesquisa, propomo-nos a analisar, à luz da Análise do Discurso de vertente foucaultiana, como o discurso midiático, através da constituição do sujeito-acusado e do sujeito-vítima, justifica ou criminaliza a prática do feminicídio. Para tanto, discutiremos a constituição do sujeito-vítima, do sujeito-acusado e do acontecimento discursivo morte de “Tatiane Spitzner” (2018). O corpus será constituído por reportagens que circularam na mídia nacional, considerando o fato de constituírem-se em discurso, a medida em que foram produzidos por um sujeito em um lugar institucional, determinado por regras sócio-históricas que definiram e possibilitaram que estes fossem enunciados. Será utilizada uma abordagem descritivo-interpretativa associada ao método arquegenealógico. Como resultados parciais, posto que se trata de uma pesquisa em andamento, as reportagens sobre o feminicídio nos mostram que a mídia, enquanto tecnologia de poder, tem contribuído para a exclusão da culpa ou amenização da pena de tais crimes. No entanto, especificamente, no acontecimento discursivo em pauta, a mídia auxiliou na elucidação do crime, na denúncia e no repúdio ao feminicídio, a partir de dispositivos de saber-poder que se relacionam com a compreensão atual da igualdade de gênero e repúdio a práticas violentas contra a mulher.
|
|