Propôs-se nesta pesquisa, dentro da perspectiva dessa área de estudo, realizar um estudo sobre a poética de Pedro Casaldáliga, em Mato Grosso – Brasil, e Agostinho Neto, em Angola – África, presente, principalmente, nas obras Antologia Retirante (1978) e Sagrada Esperança (1974), dos respectivos autores. Observou-se, na interface dos diálogos culturais entre a produção dos dois autores, a revelação de um engajamento social em uma poesia que pode-se definir como de resistência ou de combate. Os objetivos foram pesquisar e identificar, com base na crítica literária, os sentidos de “esperança” e “libertação” como constructos de “utopia”, bem como a inter-relação desses sentidos movendo os poemas dos autores em questão. Ambos são considerados, historicamente, em distintas temporalidades e territórios, ícones da luta pelos direitos humanos.  As análises se pautaram no contexto histórico brasileiro, em específico da Região do Araguaia, e de Angola, perfazendo o caminho de atuação política e social dos autores que desencadeou uma luta, por vezes armada, integrando operários, intelectuais e diversas áreas da sociedade, criando um verdadeiro exército que conduziu, e até hoje conduz, uma guerra, por vezes silenciosa, contra o regime capitalista/opressor. As hipóteses apresentadas foram postas no intuito de verificar como os autores valeram-se de seus ofícios de poetas e intelectuais na luta pelos direitos do homem que sofre as mazelas de uma sociedade capitalista e exploradora. Utilizou-se os estudos críticos de CANDIDO, 1975; no auxílio da compreensão sobre as origens do modernismo no Brasil e as relações da literatura com a sociedade (CANDIDO, 1993; 2000), estudos sobre literatura e resistência de BOSI, 2000; 2002; e estudos acerca da relações do homem no contexto de exploração e opressão FANON, 2010; FROMM, 1967; MARX, 2010; e estudos sobre o papel dos intelectuais na sociedade e sua relação com a literatura de SAID, 2003; 2005; 2007