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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Preconceito Linguístico na rede: caracterização dos agentes e seus perfis sociais

Autores:
Marcus Garcia de Sene (UNESP/FCLAR - Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho )

Resumo:

As redes sociais recebem uma grande adesão do público jovem e, nesse sentido, acabam abrigando relações problemáticas que dificilmente podem ser caracterizadas sem um olhar acurado. Dentre essas relações, a escrita acaba se tornando um mecanismo de acentuada autoexposição, ocasionando juízos de valores sobre usos das variantes, como reações subjetivas ao que se diz ser “certo” e “errado” na língua. Essas reações acabam materializando o preconceito linguístico, amplamente relacionado a práticas linguísticas estigmatizadas. Diante disso, este trabalho averiguou a existência do preconceito linguístico em um grupo do Facebook a partir da publicação do “meme” - “Qual erro de português te irrita profundamente?”. Analisaram-se, de forma pormenorizada, quais os “erros” os usuários apontaram como sendo os mais “irritantes”, atestando que grande maioria das ocorrências refletem fenômenos variáveis na língua e que a saliência cognitivo-social (CAMPBELL-KIBLER, 2006) acerca do estigma não é exclusivamente motivada pela natureza da variável, seja ela fonética, morfológica, sintática ou pragmática, mas pela difusão das variantes nas diferentes escalas sociais (BRANDÃO; SENE, 2018). Após a coleta dos “erros”, caracterizaram-se quais são os perfis sociais dos agentes por trás dessas publicações. Para isso, realizou-se um estudo de caráter quali-quantitativo, construindo um corpus com as ocorrências encontradas na publicação do “meme” na página do grupo selecionado e, a partir disso, construiu-se, com auxílio do R (CORE TEAM, 2017), o perfil social dos informantes, observando as seguintes variáveis: sexo/gênero, faixa etária, escolaridade e estado em que reside. A presente pesquisa amparou-se em teorias sociolinguísticas como Gnerre (1991), Bagno (2007, 2011, 2013), Bortoni-Ricardo (2004) e Scherre (2005), nas noções sociolinguísticas de norma postulada por Faraco (2008) e em estudos contemporâneos sobre ciberespaço e redes sociais (RECUERO, 2009; MATOS, 2014).


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