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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A sintaxe dos sujeitos nulos na história do português em Goiás

Autores:
Humberto Borges (UNB - Universidade de Brasília) ; Rozana Reigota Naves (UNB - Universidade de Brasília)

Resumo:

O português brasileiro (PB) é correntemente analisado como uma língua de sujeito nulo (LSN) parcial (cf. RODRIGUES, 2004). Nessa direção, este trabalho analisa as mudanças mais antigas atestadas na sintaxe dos sujeitos nulos na história do PB em Goiás. Dados históricos coletados de manuscritos enviados ou escritos em Goiás nos séculos XVIII e XIX são apresentados para fornecer evidência empírica da perda de sujeitos nulos na gramática da língua naquela região. Com base em 2500 dados, a análise de um de nossos corpora mostra uma perda significativa de sujeitos nulos de um século ao outro: de 55.40% (693/1250) para 22.80% (285/1250) (p-value <0.01). Paralelamente, há também uma perda significativa da inversão livre do sujeito, propriedade comumente relacionada às LSN consistente: de aproximadamente 57% no século XVIII para somente 22.5% no século XIX. Contrariando o argumento de que o empobrecimento do paradigma verbal teria sido o gatilho para a queda de sujeitos nulos na gramática do PB (DUARTE, 1993), somente 15% (54/380) das sentenças com sujeito plural manifesto no século XIX não apresentavam concordância entre o verbo e o sujeito da oração. Ademais, os casos de ausência de concordância verbal restrigiram-se a sentenças com verbos inacusativos e existencias. Tomamos isso como evidência para argumentar que a perda de sujeitos nulos na gramática do PB em Goiás foi primordialmente devido à perda da inversão livre do sujeito. Propomos que o movimento de V-para-T na gramática setecentista valorava o traço-D em T e concomitamente checava o traço-EPP em Spec-TP, produzindo uma LSN consistente. Na gramática oitocentista, contudo, esse movimento não era acionado para checar o traço-EPP devido a uma subespecificação do traço-D em T, requerendo, assim, que sujeitos lexicais ocupassem Spec-TP. Por fim, atribuímos essa mudança a fatores sociolinguísticos e psicolinguísticos peculiares à situação de contato linguístico em Goiás nos séculos em tela.


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