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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O clássico e o lúdico na (re)construção da subjetividade leitora

Autores:
Franciela Zamariam (UEL - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA)

Resumo:

Com as assertivas “todo o texto é escrito eternamente aqui e agora” e “o nascimento do leitor tem de pagar-se com a morte do Autor”, Barthes (2004, p. 68; p. 70, grifos do autor) proclama o leitor como o único capaz de juntar e colher (ler) a multiplicidade de sentidos do texto, para ele “um tecido de citações que resulta de milhares de fontes de cultura” (BARTHES, 2004, p. 68- 69). Tal visão desloca da virtualidade para a realidade o conceito de leitor, segundo a qual “o leitor é o sujeito inteiro” e a leitura está no “campo da subjetividade absoluta” (BARTHES, 2004, p. 41-42). Essas ideias, em Barthes, culminam no conceito de leitor-personagem, termo que compreende aquele que lê como participante da narrativa e como responsável pela significação do texto. Tomando por empréstimo essa teoria e unindo-a ao pensamento de Vincent Jouve (2002) - a afetividade é a própria leitura - e Michèle Petit (2009) - as obras que lemos nos constituem, ao darem sentido aos nossos pensamentos, sentimentos e às nossas vivências - elaboramos um jogo de RPG, baseado no conto “A cartomante”, de Machado de Assis, com a intenção de aproveitar os benefícios do clássico e a afetividade trivial do lúdico na (re)construção da subjetividade leitora, por meio da união entre a tradição e o marginal, observados na literatura canônica e no jogo de representações. A partir da análise da leitura em curso durante as sessões de jogo e do debate desse fenômeno com os alunos jogadores, chegamos a valiosas reflexões sobre como a literatura vem sendo tratada na escola e sobre a importância da leitura considerada em toda sua complexidade na formação de leitores.