A partir das reflexões de Safatle (2015) e Dunker (2015), poderíamos pensar em outra política que não fosse meramente a gestão das fobias e a implementação de uma lógica condominial nos laços que constituem o corpo social? Como a dimensão de uma certa fobia perpassa os processos de reconhecimento e de silenciamento nas lutas políticas de esquerda atualmente? Como essa fobia se articula ao estatuto desigual da condição de humano, que determina afetos, existências e violências? Para responder a esas perguntas, partimos dos trabalho de Michel Pêcheux, na França, e Eni Orlandi, no Brasil, procurando dar uma dimensão discursia aos processos de enquandramento expostos por Butler (2009): de que modo enquadramentos, interpretações e enunciações sobre a vida determinam e são determinados pelas relações de contradição, subordinação e desigualdade em que os discursos se constituem, se formulam e circulam? Elaboramos essas questões a partir da inquietação diante de um conjunto de imagens e de um cruzamento de leituras que nos permite questionar não a polêmica em torno de posições cerradas que envolvem a sua interpretação, mas a partir de um quadro maior, que vai de encontro ao estatuto da vida e daquilo que, quanto à vida, é silenciado e/ou esquecido, a política dos afetos e a existência de um estado-síndico que sustentam os discursos e legitimam posições.