Imprimir Resumo


Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A categorização semântica em foco: aspectos linguísticos e cognitivos da organização semântico-lexical

Autores:
Thalita Cristina Souza Cruz ( UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)

Resumo:

O presente trabalho busca apresentar e discutir, a partir da análise de dados de sujeitos afásicos em que se observa fenômenos linguístico-cognitivo, como as parafasias – troca entre palavras – e a dificuldade de encontrar palavras (word finding difficulties), algumas questões acerca da organização semântico-lexical, focando, fundamentalmente, nos processos de categorização. Partindo-se dos estudos interacionistas e de uma visão dinâmica de funcionamento cerebral como um Sistema Funcional Complexo (tal como desenvolvido por Luria, 1986), argumentamos que a categorização semântica não é dada a priori, como postulado pela visão aristotélica e que, portanto, as categorias não são igualmente compartilhadas e organizadas por todos os sujeitos, mas que, como proposto pela teoria dos protótipos, organizam seus elementos a partir dos contextos sociais e cognitivos nos quais os sujeitos estão inseridos (Rosch, 1975), podendo manter relação entre elas e mesmo se sobreporem. Essa perspectiva vem sendo retomada pelos estudos realizado no GELEP (Grupo de Estudos da Linguagem no Envelhecimento e nas Patologias – CNPq/IEL/Unicamp), no qual a análise dialógica de produções reais de sujeitos afásicos têm se mostrado um bom expediente para a compreensão de processos subjacentes ao funcionamento da linguagem. Os dados apresentados foram analisados a partir de uma abordagem microgenética (Góes, 2000), buscando compreender, a partir de episódios em que ocorrem trocas de palavras, quais as possíveis relações categoriais entre as palavras. As análise tem mostrado, dentre outras coisas: natureza das categorizações como um processo fluido e baseado nos contextos sócio-históricos dos sujeitos, corroborando a ideia de que a categorização fundamenta-se no uso efetivo da linguagem e das experiências reais de sujeitos reais. No que tange o funcionamento da linguagem nas afasias, os dados mostram enlaces categoriais menos prototípicos, o que pode ser considerado um indício de que, em alguns casos de afasias, elementos das “bordas categoriais” estariam mais salientes do que elementos prototípicos.


Agência de fomento:
CAPES/CNPq