A partir de nossa experiência no ensino da educação básica de língua materna, percebemos que a reescrita quase não é vista como parte fundamental do processo de Produção Textual, mas majoritariamente como uma prática determinada pelo texto como produto. Acreditamos que esse problema tem como uma de suas causas lacunas recorrentes nas propostas dos Livros Didáticos de Português (LDP). Afinal, essas propostas didáticas pouco contemplam a diversidade de temas, de gêneros e de tipos. Em vista disso, nesta comunicação apresentaremos um trabalho que será defendido em fevereiro de 2019. O objetivo é verificar até que ponto a operação de reescrita é trabalhada nas propostas de produção do livro didático. Para isso, estamos analisando propostas de um LDP para perceber se são fornecidas oportunidades para a reescrita de textos, contribuindo para que os alunos sejam autores, revisores e críticos de suas próprias produções. Utilizamos como ancoragem teórica textos que concebem a linguagem e a produção de textos como interação (Bakthin, (2006 [1929]), Antunes (2003, 2009, 2010), Marcushi (2003, 2006, 2008) e Dolz, Schneuwly e Noverraz (2004), Bunzen (2006), Dolz, Gagnon e Decândio (2010). A metodologia de pesquisa é qualitativa, com abordagem de estudo de caso, na perspectiva interpretativa, com recursos qualitativos e quantitativos. O LDP analisado é Português: Contexto, Interlocução e Sentido, Editora Moderna, material aprovado pelo Programa Nacional do Livro Didático, adotado e usado pelas turmas do ensino médio de uma escola pública da Grande BH-MG em 2018. A hipótese é a de que há poucas atividades no LDP em que a reescrita é tomada como objeto de ensino. Nessas atividades, o aluno não tem oportunidade de refletir sobre a própria escrita e de distanciar-se daquilo que escreveu de modo crítico.