PROPOSTA DIDÁTICA COM VISTAS AO ENSINO DOS VERBOS “TER” E “HAVER” NUMA PERSPECTIVA VARIACIONISTA
| Autores: Leila Regina Naves Dias de Sousa (UFU - Universidade Federal de Uberlândia) |
Resumo: O estudo dos verbos ter e haver com valor existencial limita-se, na escola, às prescrições da gramática normativa, e os usos desses verbos que estão presentes em materiais didáticos do Ensino Fundamental II, não levam em conta o uso contemporâneo que os falantes do português brasileiro fazem desses verbos, em contextos menos e, inclusive, mais monitorados da língua. Tal abordagem, a nosso ver, apenas contribui para reforçar o distanciamento entre as prescrições de cunho normativista da língua e os usos reais e legítimos dos usuários do português brasileiro, acentuando as diferenças entre ambos, de modo a enaltecer o uso prescrito nos materiais didáticos, estigmatizando o uso que o falante, especialmente os alunos da Escola Básica, fazem da língua portuguesa. Essa abordagem, além de favorecer o desenvolvimento de uma baixa autoestima linguística por parte do alunado, fortalece-lhes a crença de que não sabem e não gostam de Português ou, ainda, que falam e escrevem errado. Deste modo e, considerando que embora o uso existencial dos verbos ter e haver no Português Brasileiro sejam tão frequentes quanto preteridos dos conteúdos gramaticais de língua portuguesa abordados na Educação Básica, acreditamos que desenvolver um material didático que contemple tal uso, delineando onde, quando e como tais verbos são usados, poderá contribuir para um ensino sociolinguístico da língua portuguesa. Isso porque tal abordagem promoverá reflexões acerca da heterogeneidade e dinamicidade da língua, além de promover reflexões e discussões linguísticas em sala de aula relacionadas aos diferentes usos de tais verbos.
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