NEOLOGIA SEMÂNTICA EM SINTAGMAS NOMINAIS COM DOIS SUBSTANTIVOS: ASPECTOS LINGUÍSTICO-DISCURSIVOS | Autores: André Crim Valente (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) |
Resumo: O estudo aqui proposto parte da premissa de que a descrição linguístico-gramatical deve aceitar os deslizamentos categoriais no tratamento de classes e funções das palavras. Tal abordagem implica o reconhecimento da gramaticalização como recurso indispensável e perturbador nas sistematizações a serem desenvolvidas. Em gramáticas atuais, como a Gramática Houaiss da língua portuguesa (Azeredo, 2018), A gramática do português revelado em textos (Neves, 2018) e a Gramática da língua portuguesa (Mateus et alli, 2003) percebe-se a relativização de fronteiras categoriais nos campos da linguagem e da gramática. Há, inclusive, visões distintas: em passagens como “Ele é muito homem” e “Ela é muito mulher”, os termos destacados podem ser entendidos como adjetivos (Mateus et alii, admitindo a quantificação através do advérbio) ou substantivos (em função atributiva, segundo Azeredo). Nos casos de sintagmas nominais com dois substantivos, Neves comparou exemplos e destacou categorizações distintas em dicionários. Em norma-padrão e célula-mãe (com hífen no VOLP), há reconhecimento de deslizamento categorial no substantivo posposto. Aurélio e Houaiss falam, respectivamente, em valor adjetivo e substantivo determinante. Nossa proposta intenta combinar traços morfossintáticos com aspectos semântico-discursivos na análise de sintagmas nominais com dois substantivos: o 1˚, comum; o 2˚, próprio ou comum. Pretende-se enfatizar o valor neológico em tais sintagmas, como observa Aline Villalva na supracitada Gramática da língua portuguesa. Para abordagem da neologia semântica, recorrer-se-á ao estudo de L. Guilbert, em La créativité lexicale (1975), em que um dos casos remete às figuras de linguagem. O corpus midiático a ser analisado será retirado dos chamados jornalões e de revistas semanais de informação brasileiros, como se atesta em HOMEM-TIME (O Globo, 16/6/18), em que se comprova a combinação dos processos metafórico e metonímico no elogio ao jogador Cristiano Ronaldo, ao marcar os três gols da seleção portuguesa no jogo contra Espanha na última Copa do Mundo.
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