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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Sotaque(s) no Distrito Federal: da difusão candanga à focalização brasiliense

Autores:
Newton Vieira Lima Neto (UNB - Universidade de Brasília)

Resumo:

Conduzido à luz da Sociolinguística Etnográfico-Interacional (HYMES, 1974; SAVILLE-TROIKE, 2003; BLOOM e GUMPERZ, 2013 [1972]; BELL, 2014), a investigação se dispõe a contrastar duas variedades linguísticas do Distrito Federal, apresentar narrativas sobre o ser brasiliense quase sessenta anos após a fundação da capital federal e abordar a máxima de que brasiliense não tem sotaque. Para isso, foram escolhidas famílias de duas Regiões Administrativas (RAs) do DF com realidades socioeconômicas relativamente distintas, quais sejam: o Plano Piloto (RA-I) e o Gama (RA-II).  Além de contrastar os falares dos participantes em nível diatópico, o estudo contrasta também as variedades linguísticas utilizadas por duas gerações em evidência: a primeira (G1) nascida e criada no DF e formada por indivíduos com idade entre 43 e 60 anos; a segunda (G2), constituída por indivíduos com idades entre 23 e 32 anos. Como metodologia, o estudo recorre aos pilares de algumas etnografias, tais como a Etnografia da Comunicação (HYMES, 1974), a Autoetnografia (SANTOS, 2017) e a Netnografia (KOZINETS, 2002), com dados gerados a partir das técnicas de observação-participante, registros em diários de bordo e entrevistas semiestruturadas. O enfoque linguístico recaiu sobre a realização das vogais médias pretônicas e do /S/ pós-vocálico. Os resultados em curso apontam que sobre o mito do não-sotaque existem diversas crenças a respeito do que se entende por sotaque, e até mesmo Brasília. O que se constata é que há diferença significativa entre os falares das duas RAs. Enquanto os falares da RA-I recebem status de prestígio, os da RA-II são estigmatizados, uma vez que os traços fonológicos presentes nessa variedade são considerados mais proeminentes. Além disso, nas duas RAs observou-se que os falares da primeira geração parecem estar associados a um processo de difusão dialetal, enquanto as falas da segunda parecem se encontrar num estágio de focalização dialetal bem encaminhado. 


Agência de fomento:
IFB