Este trabalho se propõe discutir a constituição de comunidades de leitores, a partir de concepções advindas do Círculo de Bakhtin sobre linguagem, forças centrífugas e centrípetas; de Canclini sobre cultura/coleção; de reflexões de autores contemporâneos sobre juventudes e cultura juvenil e de Chartier sobre leitura. Interessa-nos problematizar como se constituem essas comunidades e como se dão as práticas leitoras em torno de obras que se colocam fora do cânone e da “boa leitura” defendida pela instituição escolar/familiar ou qualquer outra detentora da responsabilidade de formar leitores. Investigamos, em uma pesquisa[1] maior, como esses jovens se organizam em comunidades de leitores para a produção e para o compartilhamento de saberes e de experiências, constituindo-se tais práticas como uma forma de sociabilidade de uma cultura juvenil que engendra novas formas de atuar na contemporaneidade. Nessa perspectiva, o leitor constroi sua coleção, muitas vezes, descolecionando a ordem canônica de obras socialmente valorizadas e trazendo para a sua biblioteca outros artefatos/objetos estéticos. A pesquisa se desenvolve na área da Linguística Aplicada indisciplinar que busca construir conhecimento sobre as práticas discursivas de sujeitos situados historicamente interagindo em diferentes esferas da atividade humana. Ademais, a análise dos dados se ancora nos procedimentos metodológicos indiciários de Ginzburg (1998).
[1] Pesquisa de Pós-doutorado, realizada na Unicamp, sob a supervisão da Profa. Dra. Roxane Rojo, com financiamento de bolsa de Pós-Doc Sênior da Capes, no âmbito do Projeto Procad-Casadinho UFRN-UFSC-UNICAMP.