Pretende-se, neste trabalho, discutir a inserção da literatura no contexto de formação básica, em cursos de orientação técnica. Sugere-se dissociar a arte literária de uma perspectiva imanentista, que submete o texto a uma “dissecação” estrutural e linguística, perdendo de vista a prática de leitura como experiência estética e particular. Vincular o ensino de literatura a um viés pragmático, por excelência, limita o alcance da criação artística, inibindo o estímulo à imaginação, à apropriação do texto de maneira subjetiva. Desse modo, considerando as exortações de Zilberman, além da base teórica de Jouve e Iser, acerca da leitura do literário, objetiva-se enfatizar a interação entre texto e leitor como pressuposto que conduz o ensino de literatura comprometido com a formação de leitores. Mais do que assimilar e repetir os aspectos que permeiam a tradição literária, o aluno deve ter contato com o texto propriamente dito, sem recebê-lo “modificado”, sob influência prévia da leitura do professor, de um crítico e/ou do livro didático. Estimula-se, assim, a fruição da obra, de maneira que o discente construa a associação entre ela e outras leituras, outras linguagens, outros campos do saber e até mesmo situações observadas ou vividas em sociedade, como também individualmente. Tal abordagem favorece uma compreensão mais efetiva e mais ampla acerca do que se lê.