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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A ESTRUTURA INFORMACIONAL NO PORTUGUÊS DO BRASIL: UMA ANÁLISE DA CONSTRUÇÃO APRESENTATIVA ERA UMA VEZ...

Autores:
Elise Nakladal de Mascarenhas Melo (UPM - Universidade Presbiteriana Mackenzie)

Resumo:

No contexto do paradigma construcional da linguística, a estrutura informacional explicita por que o falante escolhe uma determinada construção (por exemplo, a de voz passiva) ao invés de uma alternativa (por exemplo, a de voz ativa) em uma dada situação comunicativa (KUNINGAS, 2007; LEINO, 2013). Em geral, uma mesma proposição pode ser expressa por ao menos duas construções formalmente diferentes (LAMBRECHT, 1994; BIRNER; WARD, 1998); entretanto, em um dado contexto discursivo, a escolha por uma determinada estrutura formal não é aleatória, mas motivada pelas suposições do falante quanto ao status do conhecimento bem como da consciência do ouvinte no momento do ato de fala (LAMBRECHT, 1994; GOLDBERG, 2013). Tendo em vista tais apontamentos, este trabalho investiga, no português do Brasil, a relação entre a forma e a função da construção apresentacional formada a partir da expressão idiomática era uma vez, na qual, de acordo com Lambrecht (1994; 2000), a função pragmática de foco se estende por toda a sentença. Os dados utilizados para análise foram coletados em narrativas escritas destinadas ao público infanto-juvenil, especificamente em livros ilustrados. Por sua vez, os procedimentos metodológicos de análise adotados têm centro na interpretação de tal construção em termos das relações sintagmáticas entre os seus constituintes, bem como da sua relação paradigmática (ou associativa) com construções semanticamente equivalentes, mas formalmente e pragmaticamente divergentes (LAMBRECHT, 1994; 2000). A partir da análise dos dados, verificou-se que tal construção tem a função comunicativa não de predicar alguma propriedade de uma dada entidade (isto é, de tópico-comentário, em que o foco recai apenas no predicado), mas de introduzir um referente discursivo (isto é, uma entidade) na narrativa, permitindo a sua manutenção no discurso subsequente. Verificou-se, ainda, que tal construção apresenta restrições morfossintáticas impostas ao constituinte denotando esse referente discursivo, as quais são motivadas, justamente, por sua função comunicativa.


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