Apesar do ensino de gêneros textuais em língua materna, no Brasil, apresentar avanços em relação ao paradigma tradicional, ao contemplar uma maior diversidade textual, é preciso analisar se o currículo contempla tão-somente o gênero pelo gênero ou se faz uso desses megainstrumentos para mobilizar, nos estudantes, capacidades de linguagem, de modo a desenvolver neles capacidades linguístico-discursivas. Partindo desse pressuposto e apoiando-nos na proposta de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) sobre o agrupamento e a progressão de gêneros, o presente trabalho buscou investigar as capacidades de linguagem mobilizadas pelos gêneros em duas propostas curriculares para os anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) de dois municípios da região do Agreste Meridional de Pernambuco – Caetés e Garanhuns. A pesquisa foi de caráter documental e, para recorte do corpus, priorizou-se, dentre os vinte municípios que compõem essa região do estado de Pernambuco, aqueles que tivessem propostas curriculares próprias, desenvolvidas pela Secretaria de Educação do município em questão. Os dados revelaram que a capacidade de linguagem do expor predomina tanto na quantidade de gêneros como na sistematicidade com que esses gêneros são explorados, seguida pelas capacidades do argumentar e do relatar; já as capacidades do narrar e do descrever ações carecem, nas propostas analisadas, de uma abordagem mais sistemática. A partir dos dados obtidos no levantamento quantitativo-qualitativo, propõem-se duas sequências didáticas a serem apresentadas às referidas Secretarias de Educação, a fim de complementar os currículos analisados para que contemplem capacidades de linguagem menos mobilizadas. Este trabalho traz resultados finais de pesquisa desenvolvida no Programa de Iniciação Científica (PIC) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Unidade Acadêmica de Garanhuns (UAG); além disso, está vinculado ao Núcleo de Pesquisa em Discurso e Ensino (NUPEDE) da UAG/UFRPE, registrado na base do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, na plataforma Lattes do CNPQ.