A presente pesquisa, de base qualitativa, parte do pressuposto de que valorizar as práticas sociais da língua escrita em sala de aula não precisa ser sinônimo de descuidar do trabalho específico com o sistema de escrita na alfabetização. Pelo contrário, alfabetização e letramento são conceitos indissociáveis e interdependentes (SOARES, 2004) que precisam estar presentes concomitantemente para que a aprendizagem inicial da língua escrita seja significativa.

O que ocorre, muitas vezes, é o ensino que privilegia um dos aspectos, causando certo desequilíbrio que resulta em insuficiências no processo de alfabetização. O fracasso desta etapa, tão apregoado pelas mídias, nas avaliações externas, dentre outros meios, precisa ser combatido por meio de práticas que proporcionem o ensino sistemático dos aspectos linguísticos pertinentes a esta fase, como a consciência fonológica, aliado a vivências autênticas e significativas de uso da língua.

Assim, considerando que a escola deve propiciar práticas reais e efetivas de linguagem, que dialoguem com as necessidades dos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, procuramos desenvolver com alunos em processo de alfabetização um Projeto de Letramento (KLEIMAN, 2000) que considere as especificidades da aprendizagem inicial da língua escrita em contextos reais.

O presente trabalho apresenta uma breve reflexão dos estudos que orientam esta práxis no contexto escolar, e pretende discutir os resultados parciais desta pesquisa que iniciamos para o Programa PROFLETRAS (Mestrado Profissional em Letras/CAPES, desenvolvido em parceria com universidades públicas), sob orientação da Profª Drª Kelly Cristiane Henschel Pobbe de Carvalho.

Para tanto, os pressupostos teóricos que sustentam nossa investigação baseiam-se nos estudos sobre alfabetização, letramento e trabalho com a pedagogia de projetos (SOARES, 2004, 2005, 2016; ROJO, 2009; OLIVEIRA et al, 2011 e KLEIMAN, 1995, 2000), trazendo reflexões que buscam ressignificar a práxis docente.